Reforma Tributária: veja o que muda na prática para empresas de serviços, comércio e indústria

A Reforma Tributária, promulgada em dezembro de 2023, começa a sair do papel a partir de 2026 e promete transformar de forma profunda o sistema de impostos sobre consumo no Brasil. O texto, aprovado pelo Congresso Nacional, cria novos tributos, simplifica regras e redefine a forma como produtos e serviços são tributados em todo o país.

CONTABILIDADETRIBUTÁRIO

Redação

11/2/20252 min read

architectural photography of building with people in it during nighttime
architectural photography of building with people in it during nighttime

Embora o objetivo seja simplificar e reduzir distorções, a transição será longa e exigirá adaptações complexas das empresas — com efeitos diferentes para cada setor da economia.

O que muda no sistema tributário

A reforma extingue cinco tributos — PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS — e cria dois novos:

  • CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), de competência federal;

  • IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que será gerido por estados e municípios.

O novo modelo adota o formato de IVA Dual (Imposto sobre Valor Agregado), usado em dezenas de países, no qual o imposto é cobrado sobre o valor agregado em cada etapa da cadeia produtiva.

Na prática, os impostos pagos em etapas anteriores poderão ser compensados como crédito, eliminando a cumulatividade e tornando a cobrança mais transparente.

A transição começará de forma gradual em 2026, com alíquotas-teste, e o novo sistema só será totalmente implementado em 2033.

Impactos por setor

Setor de Serviços

O setor de serviços tende a ser o mais impactado, pois hoje muitos prestadores recolhem tributos a alíquotas reduzidas (como o ISS municipal).
Com a unificação dos tributos e possível elevação da carga efetiva, empresas de serviços intensivos em mão de obra — como tecnologia, saúde, educação e consultorias — podem sentir aumento nos custos.

Por outro lado, empresas com boa estrutura contábil poderão aproveitar créditos de insumos e despesas, reduzindo parte desse impacto.
Especialistas recomendam uma revisão imediata da precificação e simulações com as novas alíquotas.

Comércio e Varejo

Para o comércio, a reforma tende a trazer maior previsibilidade e simplificação.
Com o fim da guerra fiscal entre estados e a unificação das regras, as operações interestaduais ficarão menos complexas e com menor risco de autuação.

A tributação passará a ser feita no destino (onde o produto é consumido), beneficiando regiões com maior mercado consumidor.
O desafio será adaptar os sistemas de ERP e emissão de notas fiscais para o novo modelo, que exigirá cálculos diferentes para cada etapa de venda.

Indústria

O setor industrial é um dos principais beneficiados.
A eliminação da cumulatividade e a possibilidade de creditar integralmente os impostos pagos na cadeia reduzem o chamado “efeito cascata”.

Com isso, a indústria deve ganhar competitividade, especialmente nas exportações, já que os tributos pagos ao longo da produção poderão ser devolvidos ou compensados integralmente.
A reforma também promete reduzir o número de litígios tributários e simplificar o planejamento fiscal.

Transição e desafios

O governo prevê um período de sete anos de transição, durante o qual o sistema antigo e o novo coexistirão.
Empresas precisarão manter duas estruturas contábeis paralelas, o que exigirá investimento em tecnologia, automação e capacitação das equipes fiscais.

Além disso, o fim dos benefícios regionais e incentivos fiscais forçará estados e municípios a reverem suas estratégias de atração de investimentos, o que pode alterar o mapa produtivo do país.

O que esperar

Analistas avaliam que a reforma, apesar dos ajustes iniciais, deverá estimular o crescimento econômico no médio prazo, ao reduzir a burocracia e dar mais clareza sobre os custos tributários.

A expectativa é que o novo modelo:

  • reduza o custo Brasil;

  • aumente a transparência sobre os impostos pagos;

  • e incentive a formalização e o investimento produtivo.

A Reforma Tributária inaugura uma nova era de simplificação fiscal, mas exigirá um período de aprendizado e reestruturação interna nas empresas. Quem se preparar antes com tecnologia, planejamento e revisão de processos, sairá na frente.